sábado, 1 de dezembro de 2007

Carter Hotel @ radiozero.pt 02/12/2007 2200h


A essência da obra de arte como essência de vida

Niels Petter Molvaer
Joy Division
Philip Aaberg

« Quase que o não conheci : está mudado…
E Juvenal compreendeu que estava mudado. Ambos estavam mudados. Em todo o caso não podia ter mudado tanto como ele. Na verdade aquele homem degradara-se, dir-se-ia ter-se envelhecido a si mesmo, com os mesmos requintes com que outrora se amaneirava. Mais tarde Juvenal compreendeu melhor aquela degradação:António Eusébio deixara de se poder orgulhar de si mesmo. Uma ruína não passa de uma ruína.
Agora vivia para seu próprio deleite, como uma planta que houvesse deixado de florir por ter descoberto que as flores só dão bem-estar aos outros…..»

“ Pântano” João Gaspar Simões


Sigur Rós
Lou Reed
Keith Jarret

« Ora veja, Mersault, para um homem bem nascido, ser feliz nunca foi complicado. Basta seguir o destino de toda a gente, não por desistência ou renuncia, como é o caso de tantos falsos grandes homens, mas com uma apetência de felicidade. A única coisa que se precisa para ser feliz é de tempo. Muito tempo. A felicidade é, ao fim ao cabo, uma questão de longa paciência. E quase sempre passamos a vida a ganhar dinheiro, quando o que era preciso era ganhar tempo através do dinheiro. Esse é o único problema que sempre me interessou. É um problema preciso e claro.»

“ A Morte Feliz” Albert Camus

Damien Rice
Radiohead
Talk Talk

« Eu dizia de mim para mim: terei, não só tempo, mas capacidade para realizar a minha obra? A enfermidade que, tal um severo director de consciência, me obrigara a morrer para o mundo, fora-me útil ; talvez me resguardasse da indolência, como esta me preserva da facilidade, mas consumira-me as energias, até as da memória. Ora, a recriação, pela memória, das impressões que depois seria mister aprofundar, esclarecer, transformar em equivalentes intelectuais, não seria uma das condições, quase a própria essência da obra de arte?

“ O Tempo Redescoberto, Em Busca do Tempo Perdido” Marcel Proust


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